sexta-feira, 21 de maio de 2021

Tragam-me o sofrimento desde que eu possa viver de verdade


 Ainda não aprendeste a parar ? 
A resposta será, quase sempre, não.
Ou então: “eu bem tento, mas…”
Todas as respostas que projetamos na cabeça são variantes do não.
Não só ainda não aprendemos a parar como não temos intenção de dedicar tempo a tentar perceber como o podemos, realmente, fazer.
Vamos equilibrando em cima do corpo, da alma e do coração um conjunto de camadas inesgotáveis de tarefas, atividades, projetos, trabalhos, prazos inadiáveis ou urgências que nem sempre o são. Estamos reféns do carrossel imparável em que quisemos mergulhar as nossas vidas, as nossas rotinas, os nossos dias que se colam sempre com as noites e que nem sempre conseguimos distinguir.
Neste carrossel há pouco tempo para pensar e isso parece tentador. É preferível não pensar, não ver, não parar para analisar o resultado daquilo em que nos tornámos (ou tornamos). Enquanto o carrossel voa, voamos também. Enquanto o carrossel anda, andamos também. Enquanto o carrossel não abranda, não abrandamos também.
Que tipo de vida estaremos a criar? Em que tipo de pessoas estaremos a transformar-nos?
As respostas são muito simples, mas podem não ser agradáveis aos olhos. Ao pensamento. À consciência.
Estamos a criar uma vida que rima com o automático e com a preferência pelo não sentir nada. Se não sentirmos nada, não sofremos. Se não pensarmos em nada, não corremos risco de perceber os erros que continuamos e somos. Se não olharmos para o caminho (não) construído, não temos a “chatice” de perceber que somos capazes de ter mesmo de voltar para trás.
Estamos a transformar-nos em pessoas sempre em modo piloto-automático:
Querem que eu vá por aí? É para já.
Querem que eu minta, acreditando que digo a verdade? Contem comigo!
Querem que eu atravesse o maior pântano de lodo, acreditando que o barco que eu sou navega em águas limpas? Vamos a isso.
Não me parece uma vida de sonho, esta nossa. Não parecemos pessoas que alguém desejaria conhecer: reféns do que nos pedem, das nossas tarefas, dos nossos empregos, das nossas existências sem sobressaltos.
Quase tenho vontade de dizer: tragam-me o sofrimento desde que eu possa viver de verdade. Tragam-se a mágoa desde que eu possa viver a sério!

Texto: Cátia 
Ilustração : Samuel

sexta-feira, 30 de abril de 2021

O medo...


Desfaz sonhos, amordaça abraços, silencia gemidos, cala desejos e seca os mais húmidos beijos. O medo... interfere no destino do persistente, cria fantasmas, e polui a mente. O medo... atraiçoa os sentidos, inverte o rumo e acalma os destemidos. O medo... crucifica o sentimento, esmaga a liberdade e empobrece o tempo. O medo... ofusca o prazer dum olhar, tira valor a um sorriso, torna a vontade em algo não preciso. O medo... não deixa viver... ter medo... não se vive, apenas se sobrevive. Vive.. sem medos.

Texto: Cátia
Ilustração: Samuel

domingo, 18 de abril de 2021

Todos temos mais forças para além daquelas que pensamos ter


 A maior parte de nós é muito mais forte do que julga! Todos temos mais forças para além daquelas que pensamos ter. É preciso confiar e levar as que conhecemos até ao limite, para descobrir que, afinal, não acabam onde julgávamos. Só os que se julgam fracos é que estão errados!

As tragédias são comuns. Este mundo também é feito de uma sequência de catástrofes. A nossa vida é ameaçada todos os dias. E nós vamos andando, sempre para diante. Só os que têm medo do amanhã é que estão errados!

 Todos os dias superamos desafios, sem sequer festejarmos de forma conveniente essas nossas vitórias. Aliás, tendemos a condenarmo-nos do mal mais do que a celebrar os nossos sucessos. Só os que se julgam invencíveis em tudo é que estão errados!

 Devemos escutar o que nos dizem as tempestades, pois podem ensinar-nos muito. Sobre o mundo e sobre nós. Sobre o nosso passado e sobre o nosso futuro. As adversidades e as dores podem ser grandes mestres. Só os que fecham os olhos e os ouvidos ao que as desgraças ensinam é que estão errados!

 Em tempos desfavoráveis, todos temos um exemplo a seguir: a nossa vida. Reparem em como já ultrapassamos tantas dificuldades, de todos os tamanhos. Entre muitos fracassos, a nossa história é também uma coleção de sucessos face a tantas contrariedades. Quase que podemos dizer que quanto mais dura é a vida mais forte ela nos vai tornando. Só os que se julgam condenados à miséria é que estão errados!

 Mas não há ninguém que esteja errado e não possa deixar de o estar!

 Se o que há de pior nos bons momentos é que passam, é verdade que, da mesma forma, o melhor dos tempos piores é que passam! Só os que deixam de sonhar e de sorrir com fé no amanhã é que se condenam a noites e dias sem luz nem calor! 

Testo: Cátia
Ilustração: Samuel

sábado, 10 de abril de 2021

Ninguém é feliz sem lutar muito por isso.


 Quase sempre preferimos ficar como estamos. Todas as mudanças nos parecem desagradáveis. Passamos a vida a queixarmo-nos de infelicidades, mas face a uma escolha que pode implicar uma mudança… resistimos muito, como se já fossemos felizes.

 Queres mesmo continuar a ser assim? Sim? Olha para ti outra vez!

 Não bastam palavras e boas vontades. Há quem prefira encontrar desculpas para os seus males do que fazer por se curar deles. O reconhecimento é o primeiro passo, mas não basta.

 É essencial que encontremos em nós a coragem de caminhar para dentro do vazio daquilo que nos é desconhecido. Que ousemos ser diferentes, melhores. O terreno pode parecer desconhecido e talvez o seja, mas é por aí, e só por aí, que chegaremos à mudança de que precisamos.

 Aprende a ser humilde e aceita as tuas fraquezas. Desperta desse sono que te faz refém de uma mediocridade desnecessária, levanta-te e anda. Faz o que for preciso para seres melhor, para seres feliz. Ainda que isso implique um grande desconforto e o sofrimento próprio de quem se vê retirado daquilo a que já se habituou. Por pior que seja…

 Olha para ti. Encontra o que te prejudica. Livra-te disso. Vais precisar de muito esforço e paciência.

 Só há uma razão que justifica não querer mudar: ser feliz onde se está.

 Talvez não acredites que és melhor do que julgas. Ou isso seja apenas mais uma desculpa. A verdade é que és, porque acomodar-se é uma fraqueza, não uma força.

 

Ninguém é feliz sem lutar muito por isso.


Foto: Cátia 
Texto: Cátia

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Em quantos corações já tatuaste um sorriso?

 Há alguém, algures por aí, à espera do seu lugar. O seu lugar-mais-amor do mundo. Onde (de)morar sem datas de validade. És tu. O teu abraço é o melhor lugar do mundo para alguém. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe cative o coração. De quem o abrace. Para sempre. És tu. O teu sorriso abraça corações. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de um porto de abrigo. Que sossegue tempestades e medos. Onde descansar do mundo. És tu. As tuas mãos são o abrigo de alguém. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de um gesto que abrace tudo. Que cure o que se parte. Que cure o que dói. És tu. O teu abraço cura. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe sinta o coração. De quem lhe abrace a alma. Como quem respira amor. És tu. O teu sorriso é em forma de amor. 

 Há alguém, algures por aí, de olhos perdidos no vazio. À espera de quem os olhe por dentro. De quem os faça brilhar. És tu. Os teus olhos sorriem e fazem sorrir. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de um milagre. Que salve do abismo. Que salve de tudo. És tu. O teu abraço salva. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe mude o dia. De quem lhe mude a vida. E o coração. És tu. O teu sorriso é a melhor parte do dia de alguém. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de quem fique ali. Ao seu lado e do lado de dentro. Como quem segura. Como quem guarda. És tu. As tuas mãos foram feitas para abraçar outras mãos. 

 Há alguém, algures por aí, à espera de um sorriso em forma de abraço. De um sorriso tatuado no coração. És tu. O teu abraço faz corações sorrir. 

 És tanto. Mais do que sabes.

 Há sempre alguém, algures por aí, a quem tu mudas o mundo. Mesmo sem saberes. Quando abraças. Quando sorris. Quando abraças mãos. Quando olhas. Quando vives, quando és, com amor. Quando amas. O (teu) amor muda o mundo. Sabes?

 Em quantos corações já tatuaste um sorriso

Texto: Cátia
Ilustração: Samuel

sexta-feira, 26 de março de 2021

Aquele surgir de blog

 


Estar no momento certo, à hora certa. Achar o norte. Saber que direcção tomar. Ter a coragem de arriscar. Apresentar uma ideia, um plano, a motivação e a energia que nascem da força de acreditar. Sair da zona de conforto, pensar fora da caixa, deixar de lado o «porquê?» e passar a pensar em «porque não?», alinhar sonhos, definir objectivos. Ninguém precisa de certezas estáticas. O que precisamos é de aprender uma nova fórmula. Aquela com que nos reinventamos.

Texto: Cátia
Ilustração: Samuel 

 

sábado, 20 de março de 2021

Até quando insistir?

 


Não foram poucas as vezes em que encarei essa pergunta. Não foram poucas também as vezes em que encontrei respostas. Mas, ainda assim, nós sempre parecemos ter uma estranha tendência à tortura. Uma estranha vontade de irmos bem além do que deveríamos. Então, estou mais uma vez aqui. Na eterna busca por uma resposta definitiva. Até agora, encontrei essa: não desistas de ti para insistir em alguém. Parece simples? Bem, não é. É uma árdua filosofia de vida. Afinal, quantas vezes não nos calamos? Não nos deixamos roubar? Ou nos moldamos até pontos quase irreconhecíveis? Essa é então a minha mais recente epifania. "Não desistas de ti."Clichê? Talvez. Ainda assim, responde-me com sinceridade. Quantas vezes tu não desististe de ti para insistires em alguém que já não estava para aí virado?


Texto: Cátia 
Foto: Daniela